A habitação popular no Brasil deve ter em 2022 o pior ano em mais de uma década devido à inação do governo federal em reajustar os valores da tabela do programa Casa Verde e Amarela, que ficou defasada com a escalada da inflação, disse Rafael Menin, copresidente da construtora MRV&Co (MRVE3).
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"Se não houver atualização nas regras de renda, vai ser o pior ano do programa desde o início do Minha Casa Minha Vida", disse Menin em entrevista à Reuters na segunda-feira (17).
Segundo o executivo, famílias que se enquadravam nas faixas de renda mais baixa do programa —lançado em 2009 pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e rebatizado no governo Jair Bolsonaro— não mais conseguem se habilitar porque sua renda ficou defasada em relação aos preços dos imóveis.
"O resultado é que o mercado ficou muito mais seletivo nos projetos e muito do dinheiro que seria usado para financiar o programa acabou ficando empoçado", afirmou Menin, mostrando-se com poucas esperanças de que haja uma correção significativa da tabela do programa ainda neste ano.
De fato, o braço da MRV responsável por imóveis populares foi o de mais fraco desempenho no quarto trimestre, segundo os dados operacionais divulgados nesta segunda-feira.
Ainda assim, a companhia mineira teve recordes em lançamentos e vendas, dado principalmente o desempenho da AHS, unidade do grupo nos Estados Unidos.
De outubro a dezembro, os lançamentos totais da MRV&Co somaram R$ 3,24 bilhões, alta de 52,4% sobre mesma etapa de 2020. Enquanto a divisão MRV ficou praticamente estável, a AHS passou de zero para R$ 1 bilhão em lançamentos.
Nas vendas, o consolidado ficou em R$ 2,4 bilhões, aumento de 18% ano a ano, com queda de 16,2% na divisão MRV, que viu o preço médio por apartamento subir 4,7%, para R$ 169 mil.
Na AHS houve saltos de 184,4% nas vendas, para R$ 771 milhões, e de 129% nas unidades vendidas, para 590.
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A companhia encerrou o quarto trimestre com queima de caixa de R$ 128 milhões, após R$ 174,2 milhões de geração um ano antes.
A unidade MRV teve consumo de quase R$ 250 milhões de caixa enquanto a AHS gerou R$ 107,5 milhões, alta de 15,3% ante o quarto trimestre de 2020.
A Luggo, que constrói imóveis para alugar, teve geração de caixa de R$ 64,1 milhões, revertendo resultado negativo de R$ 12,4 milhões um ano antes.
As ações da MRV&Co encerraram esta segunda-feira em queda de 0,8%, a R$ 11, enquanto o Ibovespa mostrou recuo de 0,5%.
No período, a companhia também fez acordo para vender para a Brookfield cerca de 5.100 unidades da Luggo, representando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,26 bilhão.
Para Menin, esse perfil de resultados deve se prolongar durante este ano, dado que o cenário macroeconômico adverso no Brasil deve limitar a recuperação de seu negócio principal, o que também deve seguir pressionando a margem bruta.
IPO
A perspectiva de crescente participação da AHS no resultado consolidado deve reforçar o plano do grupo de fazer uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) nos Estados Unidos em 2023, disse Menin, dada a maior liquidez do mercado de ações naquele país.
Isso também permitirá maior comparabilidade com empresas do mesmo setor no ambiente global, afirmou.
"Temos esse negócio, a AHS, que ainda não é adequadamente precificado pelo mercado, na nossa opinião". "Uma listagem nos Estados Unidos pode destravar valor", completou.
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Caixa Econômica Prevê Alta de 10% do Crédito Imobiliário
A Caixa Econômica Federal prevê aumento de 10% das concessões de empréstimos para compra de imóveis em 2022, desaceleração em relação ao ano passado, em meio ao ciclo de alta da taxa básica de juros, disse o presidente-executivo do banco estatal, Pedro Guimarães.
"Vamos crescer 10% e superar R$ 150 bilhões em concessões", disse Guimarães em entrevista à Reuters por telefone.
Maior financiadora imobIliária do país, a Caixa tinha um estoque de financiamentos no setor de R$ 542 bilhões em setembro passado, último dado público, alta de 8,7% em 12 meses.
Em 2021 até setembro, a Caixa concedeu R$ 104 bilhões em empréstimo imobiliário, alta de 27,9% sobre um ano antes.
Em termos anualizados, as concessões devem superar R$ 135 bilhões no acumulado do ano passado. Se a previsão para este ano for alcançada, haveria, portanto, uma desaceleração.
Impulsionado pela queda da Selic à mínima histórica de 2% ao ano, o crédito imobiliário teve forte crescimento entre 2020 e o começo do ano passado.
Mas esse ritmo tem perdido força desde que o Banco Central começou a subir a taxa básica rapidamente para tentar esfriar a inflação, que superou 10% em 2021.
Segundo a Abecip, entidade que representa as financiadoras imobiliárias no país, a concessão de crédito no setor em novembro subiu 26,8% em relação a igual mês de 2020.
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Embora ainda fortes, os desembolsos desaceleraram. Em março, o crescimento ano a ano tinha sido de 172,7%.
Atualmente em 9,25% ao ano, o juro básico do país ainda deve ter novos aumentos, segundo projeções majoritárias de economistas, podendo superar 11% nos próximos meses.
Para Guimarães, no entanto, por ter taxas de juros mais baixas do que a maioria dos concorrentes, especialmente com linhas menos impactadas pela inflação, como a do SBPE, a Caixa deve seguir ampliando os desembolsos em ritmo superior.
Segundo dados da corretora imobiliária Akamines, a menor taxa cobrada hoje pela Caixa é de 8,3% ao ano + TR, ante 9,99% do Santander Brasil (SANB11), 9,5% de Bradesco (BBDC4) e 9,1% de Itaú Unibanco (ITUB4).
De acordo com o executivo, a combinação recente de aumento da inflação e do juro se refletiu em "pequena alta" dos números de inadimplência dos financiamentos imobiliários na Caixa nos últimos meses, mas o banco tem flexibilidade para negociar com os mutuários sem ter que retomar os imóveis.
Desde meados de 2020, a Caixa concedeu pausas no pagamento de prestações a cerca de 2,5 milhões de mutuários, na esteira da crise desencadeada pela Covid-19.
Guimarães disse que no momento não considera abrir novas pausas. "Não vemos necessidade disso agora", disse o executivo.
Resultado da MRV no Terceiro Trimestre de 2021
O resultado da MRV (MRVE3) no terceiro trimestre de 2021 (3t21), divulgado no dia 10 de novembro, apresentou um lucro líquido de R$ 194 milhões no 3t21, uma alta de 33,4% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
O Ebitda da MRV atingiu R$ 386,0 milhões no 3T21, apresentando crescimento de 54,9% na comparação com o 3T20.
A margem Ebitda da MRV totalizou 21,5% no 3T21, apresentando crescimento de 7,5 pontos percentuais na comparação com o 3T20.
A margem líquida da MRV atingiu 9,2% no 3T21, apresentando crescimento de 1,3 ponto percentual na comparação com o 3T20.
As ações da MRV (MRVE3) acumulam alta de 1,70% na bolsa de valores nos últimos 7 dias e queda de 45,06% nos últimos 12 meses.
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