Três instituições financeiras divulgaram nesta quinta-feira (1) revisões de cenário para a economia brasileira.

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Enquanto Bradesco (BBDC4) e BTG Pactual (BPAC11) mantiveram as perspectivas para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste e no próximo ano.

Ocorreu o mesmo para a Selic, mas ajustaram para cima as estimativas para a inflação de 2020, o Bradesco BBI mudou todas essas projeções.

A percepção é de que a retomada será forte no terceiro trimestre, mas ainda há muitos riscos em relação a 2021, relacionados principalmente ao comportamento do consumo e à incerteza sobre a sustentabilidade das contas públicas.

Bradesco

Em relatório, a equipe econômica do Bradesco afirma que os indícios de retomada forte da economia se mantiveram no terceiro trimestre, ainda que em ritmo desigual entre os setores.

O banco manteve a perspectiva de queda de 4,5% do PIB em 2020, seguida da expansão de 3,5% em 2021.

“Ainda que em velocidades distintas, indústria, varejo e serviços seguem avançando”, observam os economistas.

O destaque entre os ramos de atividade é o varejo restrito (cujas vendas não incluem automóveis e material de construção), avalia a instituição, segmento que já retornou ao nível pré-crise de 2015.

O nível de utilização da capacidade instalada na indústria também estaria próximo desse patamar de acordo com as sondagens do setembro, acrescenta o Bradesco.

O avanço dos serviços, por fim, ainda é lento, mas consistente.

Para o banco, a velocidade de crescimento deve sofrer acomodação no último trimestre.

“Olhando para 2021, a recuperação do mercado de trabalho segue sendo a principal condição para a suavização do consumo à medida que parte dos estímulos forem retirados”, dizem os economistas.

Para eles o ritmo da atividade no próximo ano, especialmente no primeiro semestre, dependerá de uma série de fatores.

Em relação à inflação, a retomada em duas velocidades vem gerando pressões pontuais, apontam os economistas do Bradesco.

Eles revisaram de 1,9% para 2,4% a estimativa de alta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020, devido à aceleração dos alimentos no curto prazo.

Para 2021, o número foi mantido em 3,1%, “reconhecendo riscos altistas, em especial da incerteza quanto à formação de preços de serviços e do potencial realinhamento de preços administrados”.

Segundo o Bradesco, a manutenção do teto de gastos é a principal condição para que o cenário da instituição se concretize, e a sustentabilidade fiscal continua sendo relevante fator de risco.

Os economistas da instituição esperam que o déficit primário do governo central fique em cerca de R$ 860 bilhões este ano, o equivalente a 12,4% do PIB.

“Tal deterioração do cenário fiscal de 2020 leva à necessidade de maior esforço de gestão da dívida pública, que deverá alcançar patamar próximo a 100% do PIB ao final de 2020.”

Por fim, o banco manteve suas estimativas para a taxa Selic, que deve permanecer em 2% ao ano até meados de 2021 e terminar 2022 em 3% anuais.

A previsão para a taxa de câmbio também não sofreu alterações: nas projeções do Bradesco, o dólar terminará 2020 e 2021 cotado a R$ 5,20.

“Acreditamos que a retomada da atividade, juntamente com um ambiente favorável para os termos de troca do país, dará respaldo para a manutenção da taxa de câmbio em R$ 5,20, mesmo em meio a um elevado nível de volatilidade, sobretudo no curto prazo”, explica a equipe econômica.

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Bradesco BBI

Em relatório enviado a clientes, os economistas do Bradesco BBI revelaram revisões em suas projeções macroeconômicas e, agora, passaram a esperar uma queda de 5,4% do PIB neste ano.

Antes, a expectativa do banco era de um tombo de 6%.

“Com todo o quadro de indicadores já divulgado, pensamos que um número um pouco melhor era necessário, uma vez que todas as evidências sugerem um forte crescimento no terceiro trimestre”, afirmam.

Para o BBI, o PIB do período entre julho e setembro deve contemplar uma expansão de 7% e o do quarto trimestre deve crescer 1,8%.

Embora tenha revisado suas projeções para o PIB deste ano, o cenário básico dos economistas do BBI continua a contemplar um crescimento de 2,5% em 2021.

“O grande desafio para nós é elaborar um cenário para 2021”, dizem os economistas Dalton Gardimam, Ricardo Mauad e Bernardo Keiserman, ao notarem duas forças conflitantes.

Para eles, dois terços da economia já estarão se recuperando no fim deste ano e a maior parte já apresentou algumas recuperações importantes aos níveis anteriores.

Os economistas escrevem que o outro terço, constituído por serviços, deve ter uma recuperação desigual.

Quanto à inflação, a estimativa do banco de investimentos do Bradesco é a de que o IPCA fique em 2,2% neste ano e acelere para 3,5% em 2021, número abaixo do centro da meta de 3,75%.

Nesse contexto, o BBI espera que o Banco Central comece a normalizar a política monetária de maneira gradual no próximo ano.

Para os economistas, o juro básico deve começar a ser elevado no segundo semestre de 2021 e encerrar o ano em 4%.

Antes, a expectativa do banco era de Selic a 4,75% em dezembro do próximo ano.

Já em relação à situação fiscal, Gardimam, Mauad e Keiserman apontam que o Brasil enfrenta “uma grande provação sobre como restaurar um equilíbrio fiscal mínimo em 2021 e além”.

Em seu cenário, eles não adotam uma mudança ou flexibilização do teto de gastos, o que não significa que o Brasil está livre dos riscos às contas públicas.

“Um déficit primário de 12% neste ano e de 3,5% no próximo ano significaria que a trajetória da dívida do país exigirá mais intervenções para se estabilizar, como reformas, corte de despesas, aumento de impostos”.

Eles veem a dívida atingindo 95% do PIB neste ano e 97% em 2021.

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BTG Pactual

O BTG manteve a expectativa de recuo de 5% do PIB este ano e crescimento de 3% no próximo.

Segundo os economistas do banco, o ritmo de recuperação observado no terceiro trimestre foi uma surpresa positiva que mais do que compensou a frustração com o resultado de abril a junho, quando a economia encolheu 9,7% sobre os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais.

O bom desempenho da atividade no segundo semestre deste ano deixará uma herança estatística favorável para 2021, apontam os economistas.

Entretanto, ainda há riscos de baixa relevantes para o ano que vem, com destaque para a possibilidade de reversão no consumo das famílias devido ao fim das transferências de renda e também para a incerteza fiscal.

No cenário do BTG, o déficit fiscal do setor público consolidado será de 12,5% do PIB este ano, e 2021 deve mostrar resultado menos negativo, de 2,9% do PIB.

“A ancoragem da política fiscal continua um grande desafio, principalmente devido aos vários riscos do lado dos gastos”, diz o economista Gabriel Leal de Barros.

“Embora desafiador, particularmente de um ponto de vista político, cumprir o teto de gastos é viável”, pondera ele.

Outro componente do cenário que sofreu deterioração foi a dinâmica inflacionária de curto prazo, observa a instituição, que agora espera aumento de 2,5% para o IPCA este ano, ante 1,9% anteriormente.

A previsão para 2021 foi mantida em 3%, mas tem viés de alta.

O banco observa que a maioria da pressão, porém, está restrita aos preços de alimentação em casa, ao passo que itens mais relacionados à atividade continuam rodando em patamares baixos e com poucos sinais de aceleração na margem.

Em relação à política monetária, o choque recente é visto como temporário pelo Copom, destaca o BTG, que espera Selic estável em 2% ao ano por um “longo período”, terminando 2021 em 3%.

Para o banco, o juro básico será mantido no patamar atual enquanto o Banco Central avalia o hiato do produto, as discrepâncias setoriais e riscos de uma recuperação mais gradual quando os programas de suporte à renda terminarem.

Já a taxa de câmbio deve ficar em nível mais desvalorizado, tanto neste ano quanto no próximo, avalia a instituição, em razão principalmente do risco-país mais alto, que reflete a maior possibilidade de piora das contas públicas brasileiras.

A previsão para o dólar ao fim deste ano passou de R$ 5,25 para R$ 5,35. Já para 2021, foi ajustada de R$ 5,05 para R$ 5,10.

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Fonte: Valor Econômico