A Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou na noite desta quarta-feira, 17, por 36 votos a favor e 18 contrários, a adesão do município à privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) (SBSP3).

Carteira Recomendada? Faça um Diagnóstico Online e Receba uma Carteira Gratuita.

A aprovação foi em primeiro turno, e o texto ainda será discutido em audiências públicas antes da segunda votação, prevista para o início de maio. A sessão de ontem foi marcada por protestos de movimentos sociais contrários ao projeto de privatização.

A aprovação pela Câmara Municipal é vista como um passo importante para a desestatização, dada a alta contribuição da capital para as contas da companhia.

Entre os cerca de 370 municípios atendidos pela Sabesp, a cidade de São Paulo responde por algo entre 45% e 50% da receita total da companhia.

A adesão da capital paulista teve de ser discutida entre os vereadores porque uma lei de 2009, que autoriza o Executivo a celebrar contratos com a empresa, determina a extinção automática da parceria se o “Estado vier a transferir o controle acionário da Sabesp à iniciativa privada”.

O debate sobre a proposta ontem foi marcado por embates duros entre governistas e oposição. A sessão durou mais de quatro horas. Houve manifestações de grupos contrários à privatização, presentes dentro e fora do prédio, e bate-boca entre vereadores.

Parlamentares de partidos da oposição, como PSOL e PT, disseram que a matéria não passou por todas as comissões da Casa, incluindo a de Finanças.

Melhores Negócios para Investir Hoje? Veja a Melhor Empresa para Receber Dividendos.

O processo está passando por cima dos ritos normais democráticos”, disse a vereadora Silvia Ferraro, do PSOL que, com o PT, acionou a Justiça antes da sessão para tentar impedir a votação – a decisão, porém, não ocorreu em tempo para interromper a sessão.

Relator do projeto e presidente da Comissão Especial de Estudos Relativos ao Processo de Privatização da Sabesp, o vereador Sidney Cruz (Solidariedade) rebateu as críticas. “Não dá para falar que o assunto começou a ser debatido ontem (anteontem) na primeira audiência pública. Estamos falando disso desde outubro de 2023”, disse.

Cruz defendeu a adesão à concessão, ressaltando que ela permitirá a antecipação de recursos ao Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura para a cidade de São Paulo já na assinatura do convênio.

De acordo com o parlamentar, ainda serão destinados de imediato 3% do lucro da Sabesp obtido pelos serviços prestados na capital paulista.

Melhores Negócios para Investir Hoje? Veja a Melhor Empresa para Receber Dividendos.

Isso equivale a R$ 1,2 bilhão aos cofres do município de São Paulo. Esses valores serão investidos na reurbanização das comunidades, principalmente no entorno das duas represas da zona sul: Billings e Guarapiranga. Temos também um aumento no valor dos investimentos. No contrato vigente, temos 13% garantidos nos investimentos da Sabesp na cidade de São Paulo, que sobe para 20%”, disse Cruz.

O relator também citou a antecipação dos prazos de universalização dos serviços de saneamento na cidade, de 2033 para 2029, conforme estipulado no modelo de privatização.

Negociação

Conforme a Rádio CBN apurou, dois movimentos contribuíram para destravar a tramitação da proposta na Câmara. De um lado, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), entrou pessoalmente nas negociações nos últimos dias. De outro, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) teria aceitado abater R$ 1,2 bilhão de uma dívida da Prefeitura com a empresa, de cerca de R$ 3,1 bilhões.

Melhores Negócios para Investir Hoje? Veja a Melhor Empresa para Receber Dividendos.

O governo de São Paulo ainda alinha os últimos detalhes da oferta de ações da Sabesp na Bolsa de Valores. O ponto mais importante a ser definido é a fatia do capital da empresa que vai restar nas mãos do Estado, hoje com 50,3% da empresa. Por ora, a sinalização é de que fique entre 15% e 30%.

A oferta dos papéis da companhia em poder do Estado pode movimentar algo entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões, uma das maiores já feitas na B3.

Queremos, sim, ter um acionista de referência”, disse a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, Natália Resende, em entrevista ao programa Papo com Editor, do Estadão/Broadcast, no último dia 6.

Melhores Negócios para Investir Hoje? Veja a Melhor Empresa para Receber Dividendos.

O porcentual que esse investidor terá ainda não foi definido. Uma candidata a esse posto é a Aegea, que já opera várias concessões pelo País, como a Corsan, empresa de saneamento do Rio Grande do Sul, além de concessões no Rio de Janeiro.

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.

Fonte: Infomoney.