O perfil do investidor brasileiro está mudando e a cultura de investimentos ganhando mais espaço, porém, ainda falta muito para atingirmos o nível ideal.

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O número de investidores pessoa física na Bolsa de Valores brasileira, alcançou a marca de 2,39 milhões no final de abril.

O recorde da B3 (Bolsa, Brasil, Balcão) mostra que o brasileiro está buscando por informações de como investir em ações.

Embora o número seja relevante, ele representa apenas 1% da população brasileira.

Estamos muito longe de países como os EUA, onde mais de metade da população investe em renda variável.

O perfil do investidor brasileiro é conservador.

Mas a entrada constante de novos CPFs na renda variável está desmistificando a história de que investir em ações é arriscado ou que é preciso de muito dinheiro para investir.

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Para investir com segurança é preciso ter, pelo menos, o conhecimento básico das opções de investimento, uma estratégia definida de acordo com o seu objetivo e perfil de investidor.

Mesmo com a educação financeira ganhando mais espaço no Brasil, ainda falta muito.

Segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), apenas 42% dos brasileiros investem em algum produto financeiro.

Conheça mais sobre o perfil do investidor brasileiro e onde ele aplica o seu dinheiro.

Perfil do Investidor Brasileiro na Bolsa

Nos últimos anos a adesão de pessoas físicas na bolsa de valores no Brasil vem crescendo.

A queda da taxa de juros (Selic) para os níveis mínimos históricos e o maior acesso à informação fizeram com que os investidores brasileiros buscassem alternativas mais lucrativas.

Desde o fim de 2018, o número de CPFs cadastrados na B3 saltou de 700 mil para 2 milhões em abril de 2020, conforme podemos ver no gráfico abaixo.

Número de investidores da B3
Número de investidores na Bolsa. Fonte: B3

Note que o número de contas é maior do que o número de CPFs, pois um mesmo CPF pode ter contas em diferentes corretoras.

Isso é comum quando se solicita a portabilidade de investimentos e não solicita o encerramento da conta anterior.

Nem mesmo o impacto do Coronavírus nas ações da bolsa de valores afastou os investidores.

O histórico de perfil dos investidores pessoas físicas de Maio de 2020 na B3 mostra o total de 2,4 milhões de CPFs.


Quantidade de Investidores%
Pessoas Físicas2.483.28698,86%
Homens1.885.19675,05%
Mulheres598.09023,81%
Pessoas Jurídicas28.6611,14%
Total2.511.947100%

* Contagem dos CPFs/CNPJs de investidores por Agente de Custódia.

Esse crescimento representa uma mudança no perfil do investidor brasileiro que vê na Bolsa de Valores uma alternativa nesse cenário de juros baixos.

O volume de recursos acumulados por investidores pessoas físicas na B3 aumentou 30% desde março de 2017.

Passou de R$ 203 bilhões para R$ 260 bilhões.

Para entender quem é este novo investidor, a B3 fez um estudo que traça o perfil do investidor pessoa física que está na bolsa.

De forma geral, o investidor da Bolsa de Valores está mais jovem, se preocupa em diversificar seus investimentos e faz aportes iniciais mais baixos.

Além disso, esse novo investidor tem demonstrado uma visão de longo prazo e manteve suas posições mesmo no auge da volatilidade dos mercados.

Vamos ver com mais detalhes o estudo elaborado pela B3 em abril com o perfil do investidor brasileiro na bolsa em 2020.

Perfil do investidor por valor investido

Os novos investidores pessoas físicas da Bolsa vêm mostrando que investir em ações não é “coisa de rico” e que é possível investir com pouco dinheiro.

Pequenos investidores aumentaram a presença em mais de 10 pontos percentuais nos últimos anos.

Em 2011, 44% das pessoas físicas tinham carteiras com até R$ 10 mil de saldo. Em março de 2020, esse percentual representa 54% do total de CPFs.

O saldo mediano investido também vem caindo com os anos. Passou de R$ 20 mil por pessoa em 2017, a R$ 14 mil em 2019 e R$ 8 mil em março de 2020.

Ao observar o comportamento do investidor ao longo do tempo, é possível notar uma democratização do mercado de capitais.

Cada vez mais pessoas físicas estão entrando na renda variável e os valores investidos não são altos.

Um dado que mostra esse novo comportamento é o valor mediano do primeiro aporte que também vem caindo.

Conforme podemos ver no gráfico abaixo, até o final de 2018 a mediana do primeiro investimento ficava acima de R$ 3 mil.

A partir de 2019 ficou abaixo de R$ 2 mil e em março de 2020, a mediana do primeiro investimento ficou em R$ 1.622.

Dos 223 mil investidores que ingressaram na B3 em março de 2020, 30% fez o primeiro aporte com menos de R$ 500.

Mediana do primeiro aporte na B3
Fonte: B3

Perfil do investidor por estado

Ao analisar o número de investidores por estado, é possível perceber a predominância das regiões Sudeste e Sul nos investidores da bolsa de valores no Brasil.

São Paulo domina com vantagem o maior número de investidores pessoas físicas no país com praticamente metade do patrimônio total investido.

Outros estados, por mais populosos que sejam, ainda possuem um percentual pequeno de pessoas investindo na bolsa de valores.

Número de investidores da B3 por estado
Fonte: B3

Perfil do investidor por faixa etária

Em termos de faixa etária, um dado que chama atenção é o aumento do número de jovens investindo na renda variável.

Nos anos recentes, o perfil do investidor brasileiro na bolsa mudou completamente.

Em 2013, 56% dos investidores pessoas físicas tinham mais de 60 anos, 24% tinham entre 40 e 59 anos e apenas 19% tinham entre 25 e 39 anos.

A participação dos mais jovens teve uma evolução até se tornar a maior, com 49% dos CPFs em março de 2020 na faixa dos 25 a 39 anos.

Atualmente os investidores com mais de 60 anos representam apenas 23%, e aqueles com idades entre 40 e 59 anos 18%.

A faixa etária entre 19 e 24 anos também se tornou relevante compondo 10% do total de CPFs.

Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes da B3, afirma que ainda é muito cedo para concluir se essa entrada de jovens na Bolsa será um movimento contínuo.

Porém, é um sinal de que talvez estejamos tendo uma mudança de geração quando falamos de investimentos no Brasil.

Faixa etária dos investidores B3
Fonte: B3

Perfil do investidor por sexo

Na comparação por sexo, os homens ainda dominam a participação na B3 com 75% dos CPFs cadastrados na Bolsa.

Mesmo ainda sendo muito desigual, em 2002 as mulheres representavam apenas 17,63% dos CPFs na bolsa.

Desde 2013, a porcentagem de mulheres na Bolsa de valores se mantém praticamente a mesma, de 23 a 25% do total. 

Diversificação

Os investidores da Bolsa de Valores estão aprendendo a importância da alocação de ativos e diversificação para proteger a carteira e diminuir os riscos dos investimentos.

Se em 2016, 78% das pessoas físicas detinham somente ações, em 2020 esse número caiu para 54% e outros produtos passam a integrar as carteiras.

Entre os novos produtos estão os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) e os Exchange-Traded Fund (ETFs).

Além da diversificação de portfólio, as pessoas estão investindo em ações de mais empresas.

Em 2016 apenas 26% detinha ações de 5 ou mais empresas. Em 2020 esse número subiu para 48% das pessoas físicas.

É interessante observar que essa diversificação em ativos está presente em todas as faixas de investimento.

Apesar de ser intuitivo que os investidores com maior patrimônio tenham maior diversificação, vemos que, mesmo na faixa de patrimônio de até R$ 10 mil 26% possuem mais de 5 ativos em carteira.

Diversificação carteira
Fonte: B3

Como os Brasileiros Lidam com o Dinheiro

Para descobrir os hábitos de poupança e de investimento da população, a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), com apoio do Datafolha, realizou a segunda edição da pesquisa “Raio X do Investidor Brasileiro”.

O estudo foi feito com dados de 2018, coletados por meio de entrevistas com 3,4 mil pessoas em todo o Brasil.

Foram ouvidos moradores de pequenas cidades até a maior metrópole do Brasil, das classes A, B e C.

O relatório mostra que, até o final de 2018, 42% das pessoas tinham algum valor em produto financeiro.

O perfil do investidor brasileiro é conservador, preferindo a segurança a ter um bom retorno financeiro.

O número de brasileiros que investe em corretoras ainda é muito pequeno, a maioria dos investidores deixa seu dinheiro e grande parte do seu lucro com os grandes bancos.

Sendo que 70% dos que investem ainda vão pessoalmente ao banco para realizar suas aplicações.

As melhores corretoras de valores oferecem as melhores condições e os investimentos mais lucrativos.

Planejamento financeiro do brasileiro

Dos 3,4 mil entrevistados apenas 33% conseguiram guardar dinheiro em 2018.

O perfil daqueles que economizaram foram predominantemente homens (60%), com ensino médio (48%) e idade entre 16 e 34 anos (50%).

Por parte dos que conseguiram guardar dinheiro, o planejamento financeiro da maior parte (71%) foi cortando gastos.

Já 13% economizou destinando uma porcentagem do salário para a reserva de emergência.

E 8% conseguiu guardar dinheiro porque trabalhou mais do que no ano anterior.

Quanto ao destino que deu ao dinheiro economizado, 48% aplicaram em produtos financeiros, sendo que mais da metade (59%) aplicou em produtos financeiros nos quais já tinha algum dinheiro investido.

Apenas 23% diversificou investindo em outro produto.

Os outros destinos das economias dos brasileiros foram para a compra do carro ou da moto, com 9%, e de imóveis (terrenos, casa, lotes, entre outros), com 8%.

As demais opções incluem investir no negócio próprio (5%), pagar dívidas (5%), reformar a casa (4%), estudar ou pagar o estudo do filho/neto (3%), e deixar o dinheiro em casa (3%).

Perfil do brasileiro que investe

De acordo com a Anbima, o percentual de brasileiros que tinham algum saldo aplicado em produtos de investimento se manteve em 42%.

Destes, 48% veem a segurança como a principal vantagem em investir.

Em segundo lugar, com 19%, está o retorno que as aplicações podem trazer, ou seja, o fato de o dinheiro trabalhar para eles.

Seguido da construção de uma reserva de emergência.

Vantagens de investir
Vantagens de investir. Fonte: Anbima

Quando perguntados em qual produto financeiro investem, a Poupança ainda é disparada o principal destino das economias dos investidores brasileiros com 88%.

A aderência é, principalmente, entre quem tem entre 25 e 59 anos, com ensino médio (49%), os pertencentes à classe C, e os moradores do Sudeste (53%).

O segundo mais utilizado é a Previdência Privada (6%) com preferência entre o público mais velho, com média de 45 anos, e entre os mais escolarizados (57% com ensino superior).

Em terceiro lugar estão os títulos privados (debêntures, CDBs, LCI, LCA, entre outros) com 5% e Fundos de Investimento (4%). Ambos com predominância entre as classes mais altas (classes A/B, com cerca de 70%).

Os títulos públicos, ações e moedas estrangeiras, também foram citadas, mas com pouca relevância.

Onde o brasileiro investe
Fonte: Anbima

Conhecimento sobre diferentes investimentos

A pesquisa também avaliou o conhecimento dos brasileiros sobre os produtos financeiros.

Os resultados mostram que a maioria da população brasileira (54%) não conhece nenhum produto.

O restante citou, em média, dois produtos.

Os mais lembrados foram a caderneta de poupança, apontada por 31% dos entrevistados, seguida das ações (12%), títulos públicos (10%) e dos títulos privados (9%).

Porém, o conhecimento da existência de diferentes produtos não está relacionado ao fato de realmente investir.

Embora as ações foram mencionadas por 73%, apenas 1% da população aplica nesses papéis.

Muito disso se deve à falta de conhecimento e a ideia errada de que é necessário muito dinheiro para investir.

Pois quando perguntados se existe um valor mínimo para aplicar em cada produto, o valor médio das respostas para ações foi R$ 1 mil.

57% das pessoas acham que são necessários entre R$ 1 mil e R$ 5 mil para investir em ações, mas é possível comprar uma única ação por valores que variam de R$ 5 a R$ 200.

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Conclusão

A maior participação de pessoas físicas na bolsa e a mudança do perfil do investidor em renda variável mostra uma maior consciência em buscar alternativas mais rentáveis de investimento.

Muito disso se deve à queda na Selic e os baixos retornos da renda fixa, mas também à proliferação de conteúdos sobre educação financeira e investimentos.

Mesmo com o número recorde de CPFs na B3, a cultura do investimento ainda é uma realidade distante para a maior parte da população brasileira.

Dados da Anbima mostram que a maior parte dos brasileiros não tem nenhum dinheiro aplicado e quando o tem, ainda escolhem a poupança.

Por isso, o primeiro passo para obter sucesso nos investimentos é a mudança na mentalidade do investidor.

Isso é alcançado por meio do conhecimento.

 Investir em conhecimento rende sempre os melhores juros. – Benjamin Franklin

 O bom investimento leva em conta a estratégia de investimento, o perfil do investidor e o objetivo.

Esses fatores determinam o que o investidor irá fazer com seu dinheiro, onde irá investir, por quanto tempo e qual o tamanho do risco que está disposto a assumir.

É preciso que essas informações cheguem a cada vez mais pessoas, de maneira que se possa fortalecer a importância de um bom planejamento financeiro.

Com paciência e sabedoria, é possível alcançar resultados extraordinários e a tão desejada independência financeira.